sábado, 28 de novembro de 2009

Os Cheetos e os flamingos

Por incrível que pareça, as cores vibrantes dos flamingos e dos Cheetos são ambas resultado da presença de pigmentos de um grupo de substâncias tetraterpênicas relacionadas ao caroteno: os carotenóides.

A estrutura dos carotenóides é baseada em um longo esqueleto linear de dienos conjugados. Caracterizam-se por apresentar função antioxidante, exibir cores muito bonitas e acentuadas que vão do amarelo ao vermelho, ser lipossolúveis, e essenciais como precursores da síntese da vitamina A em animais.

Cantaxantina


A cantaxantina, por exemplo, é inserida na alimentação dos flamingos em cativeiro para produzir sua cor rosa característica; na natureza, os flamingos selvagens encontram esse mesmo pigmento no seu alimento preferido: camarões de salmoura.

A cantaxantina também produz uma cor avermelhada aos alimentos. É quimicamente semelhante à zeacriptoxantina, à betaína e à criptoxantina. Todos esses corantes de tons vermelho-alaranjado estão presentes no milho e no caqui; e em menor quantidade na cenoura, abóbora e manga.
Cantaxantina

Astaxantina


A astaxantina é responsável pela cor característica das lagostas. Canários, cuja assinatura é uma cor amarela-esverdeada, pode ser transformada se eles forem alimentados com páprica, e as suas novas penas vão crescer com uma coloração vermelha-alaranjada.

Astaxantina

Se os canários podem, nós podemos também? A resposta é sim! Se você cansou de mudar somente a cor do seus cabelos, você pode tentar mudar a cor da sua pele também! Que tal a cor de uma abóbora? :-)

O composto que dá essa classe de pigmentos vegetais é chamado β-caroteno ou beta-caroteno, que quando consumido em largo excesso por humanos, a coloração da sua pele torna-se laranja! Mas em hipótese alguma tente isso em casa. Este efeito foi observado clinicamente por britânicos durante a Segunda Guerra Mundial, quando em casos específicos, a falta na diversificação de alimentos levou algumas pessoas a comer apenas cenouras durante semanas, por exemplo.

Bixina

E se você pensou que a cor forte e acentuada dos salgadinhos Cheetos e afins, ocorre devido a presença de substâncias artificiais -- pensou errado! A bixina é um pigmento natural utilizado por séculos, e provém de fontes vegetais (e.g. presente no urucum).

Como todos notamos, um dos atributos mais importantes na comercialização de alimentos é o impacto visual causado pela cor. E entre os corantes naturais, o nosso urucum é o mais usado pela indústria brasileira. Do total de sementes de urucum industrializada no Brasil, 25% são utilizados na preparação dos extratos e o restante é empregado na fabricação do colorífico, consumido no mercado interno para o preparo doméstico de alimentos.


Bixina


Referências Bibliográficas

[1] http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/marco2007/ju352pag2a.html
[2] http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20612001000300010
[3] HSIEH, Y.P.; KAREL, M. Rapid extraction and determination of a- and b-carotenes in foods. J. Chromatogr., v. 259, p. 515-518, 1983.

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